A capacidade produtiva de nossa pecuária está muito abaixo do potencial que podemos produzir. Embora as últimas notícias venham demonstrado um significativo progresso nos indicadores da pecuária nacional, existe muito a ser feito para assumirmos definitivamente nossa posição de maior exportador de carne bovina do mundo. Quantidade já é fato, o que precisamos agora é fortalecer a cadeia com qualidade superior.
O pecuarista deve deixar aquela velha rotina de se preocupar simplesmente “da porteira para dentro” e iniciar com atitudes que visam atender as exigências do mercado interno e externo, no que diz respeito a carne (o produto final de seu investimento), destinando esforços para garantir padronização, maciez e suculência e acertar em cheio o final da cadeia, que é o consumidor. Isso vai promover o melhor retorno econômico de seu empreendimento.
Certamente, uma solução rápida, é partir para o cruzamento industrial, produzindo o novilho precoce. Este cruzamento (Taurino – sangue europeu, com vacas azebuadas – sangue zebu) traz uma precocidade fantástica, conseguindo reduzir de 6 meses a 1 ano a idade de abate e do mesmo modo, reduz o tempo da primeira cobertura nas novilhas cruzadas, caso queira aproveitar as fêmeas na reprodução.
Este procedimento de imediato vai melhorar a lucratividade da propriedade, somente pelo fato de girar o produto com maior rapidez, mas consequentemente, irá melhorar o fluxo de aceitabilidade do produto pelo consumidor final, devido a carne mais jovem ter características de melhor qualidade. Invariavelmente, esta qualidade superior garantirá uma maior procura deste produto no mercado, e então a produção terá que ser aumentada.
As grandes vantagens – A utilização do cruzamento industrial permite ao pecuarista ótimos benefícios como:
Complementaridade – quanto mais distantes for o sangue entre as raças utilizadas nesta tecnologia, mais elas se complementam nas características produtivas e melhor será o resultado final. Para nosso país tropical, temos um ótimo exemplo desta combinação de características. Ao utilizarmos um rebanho de fêmeas zebuínas, podemos aliar a resistência das vacas zebú, ao ganho de peso, precocidade sexual e de acabamento, rendimento de carcaça e maior quantidade de carne vendável das raças taurinas européias, utilizando-se de touros para monta natural ou aplicando a técnica de inseminação artificial.
Heterose – Além de podermos usufruir da complementaridade no cruzamento industrial, temos esta outra potente ferramenta genética, que favorece largamente e de forma “gratuita” nesta técnica. A heterose é a superioridade média dos produtos de cruzamento em relação à média dos pais. A heterose será maior quanto maior for a distância “de sangue” entre as raças utilizadas.
Os efeitos da heterose tem maior expressão nas características de herdabilidade baixa, ou seja, aquelas que são transmitidas em menor intensidade dentre os indivíduos, de forma direta do pai para o filho, como por exemplo a fertilidade. Essas características são muito influenciadas pelo meio ambiente e, por conseqüência, são as que menos respondem ao processo de seleção direta, sendo então favorecida pela heterose.
Atender o mercado rapidamente – Quando lançamos mão da técnica do cruzamento industrial, podemos manejar mais facilmente o sistema de produção para atender o mercado. Quando o mercado exige carcaças com pesos diferentes (mais leves ou mais pesados), escolhe-se o reprodutor certo e já na primeira safra teremos obtido o resultado desejado. O produto de cruzamento industrial também responde mais facilmente ao manejo alimentar; então quando quisermos terminar mais precocemente um animal, com o devido acabamento de carcaça, simplesmente devemos aprimorar a nutrição, aumentando a quantidade de energia (fornecer ração concentrada no confinamento), alcançando o resultado final com maior rapidez. Um animal de cruzamento industrial direto entre um touro Limousin x vaca Zebú, por exemplo, tem potencial de crescimento de 1,5 kg/dia (ou mais) no confinamento, e isso é um resultado fantástico para quem quer rapidez na terminação, e em todas as hipóteses tem que ser avaliado.
Outros fatores que devem ser observados:
• Com o aumento das exportações de carne bovina e o avanço da agricultura em áreas de pastagens, automaticamente, o preço da arroba no mercado interno tende a aumentar;
• Nossa competitividade no mercado externo é o preço atrativo. Precisamos melhorar a qualidade;
Os produtos de cruzamento industrial são sadios, precoces e bem mais pesados, muito além de nossas médias nacionais, além de ter carne de melhor qualidade;
Já é comprovado que o cruzamento Zebú com Europeu, traz resultados superiores de 10 a 30% a mais em relação a média das raças (heterose);
Há comprovações científicas nos EUA e no Brasil da viabilidade do cruzamento industrial e ele é utilizado em larga escala na África (70%), EUA (80%), Nova Zelândia (85%), Austrália (88%) e Canadá (90%);
Conclusões:
Os pecuaristas estão buscando realizar programas de cruzamentos, porém devem manter a preocupação em dar continuidade nas melhorias de sanidade e manejo do rebanho, complementando a evolução da pecuária de corte brasileira numa melhor relação custo/benefício.
Os resultados de qualquer cruzamento dependem também das condições de clima e solo de cada região, da qualidade das fêmeas e, em especial, da qualidade genética do touro escolhido para cada rebanho (genética comprovada).
O pecuarista deve buscar as informações de criadores tecnificados que possam lhe oferecer um reprodutor avaliado geneticamente (DEP’s) e escolher qual o sistema ideal de criação para sua propriedade. O produtor tem a sua disposição uma ótima opção para obter uma pecuária de corte moderna e eficiente: é produzir o novilho precoce no cruzamento industrial. Basta ele querer, fazer as contas, tomar atitudes e aprimorar seu manejo na propriedade, o que é extremamente condizente para quem quer tornar sua propriedade tecnificada, produtiva e lucrativa.
Então! O que estamos esperando?